quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Hoje cedo

Hoje cedo eu falei de você, depois de semanas, eu voltei a mencionar o seu nome e a sensação foi tão estranha. Te senti, mas te senti longe, como se não fosse mais você ou não fossemos nós dois. Percebi que desde que te vi pela última vez, jogado no banco como quem não aceita o que acabou de acontecer, ninguém mais te mencionou pra mim. Não perguntam de você em nenhum lugar que vou, ninguém olha pro lado pra ver se você chega comigo. Não me dizem como você está ou pergunta o que aconteceu. Ninguém cita seu nome, parece errado. Senti seu perfume em todas as esquinas pelas quais passei neste dia. Olhei para um lado, depois para o outro, encarei o cara que parecia exalar você, voltei no caminho, olhei pra cima, não te vi, mas você estava ali. Já não tenho certeza se o teu perfume estava em alguém ou se era somente um lembrete meu para mim mesma. Já que ninguém se permite tocar no assunto você, nem lembranças. Apagaram tudo de nós dois. Quebraram nosso elo como quem corta a corrente que o prende ao pé da porta. Separaram nossas memórias. Já não posso saber de você, talvez seja sem perceber, evitam falar de você. Hoje eu falei de você, a voz embargou ao declamar o seu nome, mas logo me senti acomodada, o suspiro veio ao comentar sobre nossa história com alguém que a desconhecia. O interesse dela em saber, fez reviver em mim a sensação de que existimos juntos, eu pude falar de você e falaram sobre nós comigo. Falar de você me faz perceber que eu te sinto longe, sem notícia, não sei como anda, mas mentalizo que ainda seja a pessoa que sorri de lado com olhos semicerrados e alguém que valeu tanto a pena. Hoje eu falei de você e agora eu posso me liberar do peso de ter que te esconder, como se fosse um crime mencionar nós dois. Não, não é e nunca foi.

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